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Crônicas de uma era: a feira da Lorena II
Passados dois meses, a notícia de que uma cigana clarividente oferecia seus serviços na feira da Lorena ultrapassava as fronteiras do quadrilátero e começava a atrair a atenção de quem tem decisão difícil para tomar – ou problema insolúvel para resolver – na cidade inteira.
Dona Ruth aprendera a utilizar o “ponto” (como chamava o microfone sub-auricular por onde recebia informações sobre os clientes), enquanto seu filho Otávio dedicava-se obstinadamente ao aumento da velocidade das consultas e quantidade de bases de dados disponíveis, a despeito do número massivo já adquirido na dark web.
Engana-se quem pensa que o sucesso satisfaz independentemente de sua origem. Tanto pelo contrário, muitas vezes ele é como a medalha que consagra a vergonha do atleta anabolizado e outros tantos personagens semelhantes, com exceção dos políticos, imunizados pela hipótese de existirem transgressões capazes de salvar o país.