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Crônicas de uma era: o rei do papel higiênico
Quarta-feira de sol no pátio vermelho do predinho. Formigas passam carregando os destroços de um acidente verde como se um temporal se aproximasse. Não fosse a distância, daria para ouvi-las suspirando esbaforidas, pensou o Gino, da janela do 1B.

O que será que as pessoas estariam fazendo esta hora, se o tal vírus não existisse? Estariam que nem essas formigas, sem jamais perceber que se um gigante as observasse da janela, riria de tanta seriedade esbaforida – e também das cinzas sopradas contra o vento, entrando-lhe pela boca. Ah, esses gigantes… A fragilidade é chave para a sobrevivência neste planeta. É dela que saem as notas do violão de transa, o xadrez humano de construção ou a prosa universal dos papas de Fernando Meirelles. Pouca coisa boa sai à ferro e fogo.