Coluna Álvaro Machado Dias no UOL

Tudo o que você gostaria de saber sobre o metaverso mas nunca teve coragem de perguntar

Este artigo para a coluna do Prof. Dr. Álvaro Machado Dias apresenta uma visão do que o metaverso deverá ser, a partir de seus impacto na sociedade "adulta", em contraste com a visão do Facebook, cuja perspectiva é mais adolescente ou, no máximo, orientada a kidaults.

Tudo o que você gostaria de saber sobre o metaverso mas nunca teve coragem de perguntar

Metaverso é o conceito do momento e, como tende a ser o caso, está sendo mal compreendido.

Porém, há algo de peculiar aqui. Estamos todos tão incomodados com o reposicionamento do Facebook, cuja função é criar uma cortina de fumaça frente a seus mais recentes escândalos reputacionais, que deixamos de lado algumas das perguntas mais fundamentais: será que o metaverso é só isso ou será que para em pé por si só? Que visão de futuro nos convida a ter? Quais são os requisitos necessários para tanto? O artigo de hoje vai nesta direção. Em suma, metaverso para entender agora e, sendo o caso, meter o pau depois.

Ao longo dos últimos 3-4 anos, cinco grandes linhas de tecnologias foram palco de avanços exponenciais: IoE, digital twins, conectividade de baixa latência, XR e blockchain. Em paralelo, o aprendizado de máquina, cujo ponto de virada foi o lançamento do deep learning, por Geoff Hinton e colegas, na primeira década do século (2006), explodiu em popularidade, amarrando as pontas disso tudo, por meio de modelos preditivos, algoritmos de linguagem natural e elevação da consistência da computação gráfica.

Originalmente, as cinco tecnologias + deep learning não tinham muito a ver umas com as outras. Mas a ampliação de seus escopos, aliada ao rearranjo dos incentivos mercadológicos sob o isolamento social, tornou a combinação das mesmas inevitável. E isto que é o metaverso, uma síntese tecnológica, que transcende os interesses e capacidades de cada uma das empresas dispostas a capitalizar em cima da sua expansão.

Esta síntese assume que existe um estado de coisas inatingível por qualquer uma destas tecnologias de base, em que as fricções que caracterizam as passagens do digital para o analógico e vice e versa são drasticamente reduzidas e as interações entre neurônios e bits, radicalmente amplificadas.

Trata-se do ecossistema que vem se formando na medida em que as distinções entre o que é material e o que é projetivo se diluem por meio de sínteses orientadas pelo ponto de vista do consumidor mais jovem e bem equipado para influenciar as direções do capitalismo da informação.

Por exemplo, nas adolescências do passado, sonhávamos com teletransporte material, ao passo que na atual vemos que é bem mais aprazível, factível, inteligente e desejável interagir num ambiente que nos traga graus relevantes de naturalidade fenomenológica, sem que tenhamos que sair de casa. Parece estranhamente seguro e desinteressante? Pois é, bem-vindo ao clube dos “na minha época”.

Guarda a sua nostalgia no saco e esqueça esta história de Second Life revisitado. Não é esta a visão de futuro que importa, o que qualquer adolescente minimamente informado é capaz de lhe explicar.

O metaverso vai gradativamente se definindo pela fusão entre o digital e o físico, a qual vai borrando fronteiras, que são claras hoje em dia. A interatividade em ambientes digitais, com avatares e NPCs (os personagens que estarão lá para preencher o espaço e dar contexto e assim não representarão ninguém especificamente), é apenas uma parte da história, que, aliás, só ganhará sentido efetivo pela naturalização, no planeta todo, do hábito de se transitar entre o físico e o digital.

A perspicácia do Facebook, assim como a da Microsoft, Disney, Roblox, Fortnite e tantos outros é fruto de um chute embasado: tem mesmo uma coisa grande começando, a qual se fia muito mais ao ethos dos nossos dias do que qualquer paradigma passadista, que possamos aplicar para nos convencer de que se trata de mais do mesmo.

Break-down metaverso

Para entender que raios de visão é esta que estou apresentando é preciso fazer a lição de casa envolvendo a compreensão das tecnologias constitutivas do metaverso. Acesso o artigo na íntegra para conhecer.

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