Quais as tecnologias e inovações tecnológicas são apostas para 2022? Pode listar 5 delas?

Essas coisas variam em função do nível de desenvolvimento do país. Pensando no Brasil e países que seguem cursos tecnológico-econômicos semelhantes, serão essas aqui:

5G. A tecnologia de transmissão de dados de quinta geração figura entre as tendências 2020/2021 em diversos países, inclusive no Brasil, que já possui cobertura 5G DSS, em diversas regiões.

O 5G “puro” (diferente do supramencionado DSS) vai mudar nossa relação com os dados, não apenas pelo seu impacto direto na experiência de navegar na internet (jogos online, filmes em 4K, etc., finalmente se tornarão realidade cotidiana, em ambientes móveis), como por permitir a incorporação de avanços da indústria de veículos auto-guiados (nível IV e V), que não estão presentes aqui em função da latência (tempo de resposta) da internet móvel.

Em paralelo, a implantação do 5G vai ajudar a disseminar o 3G e o 4G por áreas rurais, atualmente cobertas pelo “0G”, o que deve revolucionar as tecnologias agrícolas.

IoT. A internet das coisas (IoT) vai ser massificada em 2022. No Brasil, isso promete uma aceleração tecnológica simultaneamente urbana e rural. Os impactos urbanos serão sentidos no aumento gradual do controle tecnológico da criminalidade (via câmeras inteligentes, que devem se disseminar bastante), mais faróis inteligentes e outros ingredientes essenciais à urbanidade. No campo, sensores de temperatura, humidade e muitos outros devem levar a um crescimento da produtividade e da chamada fintechização rural.

Metaverso. Ambientes que combinam o físico e o digital, também chamados de phygital, irão se popularizar bastante, em função de projetos com o Mesh (Microsoft) e Facebook Horizon (da Meta/ Facebook). As vendas de óculos de realidade virtual (VR) devem crescer, ainda que não o suficiente para tornar a tecnologia mainstream no Brasil – pelo menos, não até 2023/24.

Carros elétricos. Uma tendência para 2022 é o aumento das vendas dos carros elétricos no Brasil e em diversos outros países, onde a tecnologia ainda permanece insipiente. Os postos de recarga aumentarão em número, assim como as opções de veículos. A crise de abastecimento, que atualmente caracteriza o setor, deve arrefecer e o preço (em dólar) dos carros elétricos deve cair. Real Digital. A adoção do Real Digital não deve acontecer até 2024 ou depois. Porém, os experimentos começarão a ganhar corpo no ano que vem, o que irá ajudar a mudar nossa visão sobre o dinheiro, cada vez menos atrelada ao seu representante em papel.

De que forma essas tecnologias vão mudar a rotina na saúde? Como elas podem ser aplicadas nesse setor?

Na saúde, os impactos serão sentidos a partir da combinação do 5G e uso massivo de ambientes de simulação típicos do metaverso. Isso deve aumentar em muito a quantidade de procedimentos cirúrgicos e outros, de alta complexidade, com equipes distruídas e parcialmente remotas, bem como deve naturalizar ainda mais a telemedicina de base assistencial. Uma segunda área em forte expansão é a dos testes genéticos, que trazem novas perspectivas para o planejamento da saúde, além de informações que, em certos contextos, menos somam do que contribuem.

E na educação? De que forma essas tecnologias vão mudar a rotina na educação? Como elas podem ser aplicadas nesse setor?

A principal mudança na edução deve se dar pelo início da adoção de ambientes de realidade virtual para propiciar aos alunos experiências imersivas em diferentes períodos históricos e regiões geográficas, bem como relações visuais e lúdicas com a matemática (geometria e outras áreas). Enfim, o ensino começa a sair do plano em que esteve desde o Século XVI, para o bem e para o mal.

Como você a evolução tecnológica nos últimos anos na Educação e na Saúde? De que forma as inovações tecnológicas mudaram o dia a dia nessas áreas?

Como é comum em situações de crise severa, os dois últimos anos foram palco de uma verdadeira revolução, capitaneada pelas vacinas de RNA. Isso vem mudando nossa relação com diversas doenças complexas, incluindo o câncer, a malária e o HIV. As expectativas são as melhores possíveis.

Como imagina que será a evolução tecnológica nos próximos 10 ou 20 anos? Quais as tendências? O que podemos esperar?

A principal lição a se extrair sobre as predições do passado é a de que existe um horizonte a partir do qual o chute é total. Este horizonte é de, no máximo, 10 anos. Assim, nada a dizer sobre o mundo em que viveremos em duas décadas.

Em uma década, provavelmente, teremos (1) veículos autônomos sendo vendidos em grande quantidade, o que mudará diversas lógicas produtivas; (2) forte fusão entre o físico e o digital, do tipo metaverso, com predomínio do trabalho envolvendo gente remota e presencial em ambientes 3D; (3) redução significativa no número de celulares vendidos, em prol de outras interfaces como sensores nas próprias coisas, relógios, lentes de contato e óculos inteligentes. Ou seja, a cena típica dos nossos dias em que um monte de gente se apinha num trem, cada um olhando para o seu celular, deve ser substituída por outra em que cada um olha para dentro de seus próprios visores; (4) moedas digitais de todos os tipos, com extinção do dinheiro em papel, excluindo do sistema financeiro todos os que não possuírem uma carteira digital.

Com tanta tecnologia, qual o papel do ser humano? Como imagina que será essa relação no futuro?

Acredito que seguirá parecido com a de hoje em dia. A base para o raciocínio é que este papel muda muito lentamente, a partir de paradigmas que são culturais, baseados em hábitos cristalizados. Enfim, a tecnologia evolui muito mais rápido do que as mentalidades subjacentes.

Qual o lado ruim de tanta evolução tecnológica? Com o que devemos tomar cuidado para garantir o equilíbrio?

Os principais pontos de atenção são: maior exclusão social e fortalecimento de bolhas de pensamento. Essas duas tendências, altamente pertinentes hoje em dia, irão se intensificar, caso não haja um esforço ativo em sentido contrário.