Como nosso cérebro pode nos deixar mais pobres? E o que fazer para evitar.

Quais as últimas sacadas da neuroeconomia sobre nossas decisões financeiras e a eterna busca de otimização das mesmas? Nesta entrevista para a BBC, o Prof. Dr. Álvaro M. Dias dá a sua visão, a qual diverge do convencionalismo racionalista dominante.

“A seleção natural nos trouxe a combinação do afeto com a razão. E não foi à toa. Isso maximiza nosso acoplamento com o mundo. Quando a gente tira emoção, a gente tira empatia pelo outro. Nossas decisões se tornam mais egoístas, e a sociedade como um todo desfalece”, diz o neurocientista Álvaro Machado Dias, professor da Unifesp e sócio do Instituto Locomotiva.

Mas é fato que emoções também podem nos levar a cometer erros graves, que levam ao sentimento de culpa e ao endividamento.

É nesse sentido que os ensinamentos economia comportamental e a neuroeconomia podem nos ser úteis: tornar nossa irracionalidade previsível e evitar decisões ruins.

A primeira dica parece simples, mas na prática é bem difícil. Você deve aprender a dizer não para si mesmo.

“Não faça nada por impulso sem antes avaliar se a culpa não vai estragar a festa. Entenda melhor seu ‘eu futuro’, com suas agendas e cobranças. Dizer não para si é como dizer não para um filho: é difícil, mas pode ser engrandecedor”, aconselha o Prof. Dr. Álvaro Machado Dias (UNIFESP/Instituto Locomotiva).

o neurocientista Álvaro Machado Dias faz um alerta. Ainda que seja importante guardar dinheiro, é necessário também saber se permitir: “não assuma que se permitir é sempre ruim e nem caia na falácia de que devemos adiar continuamente o prazer para um dia poder usufruir do mesmo em intensidades maiores. Hoje, o que vemos é um mar de gente sem tesão de viver. Saia deste mar”, diz ele.

De acordo com Álvaro, nem todas as decisões que tomamos na vida, sejam elas econômicas ou não, podem ser realizadas de maneira puramente racional – e nem é desejável que isso aconteça. “Às vezes a gente é tomado por componentes emocionais, e de fato isso pode gerar desfechos ruins, inclusive arrependimento”, diz ele.

“Mas a entrada em jogo desses componentes que não são formalistas, lógicos, é o que no final das contas torna as nossas decisões melhores para o grupo, espécie e cultura como um tudo”, completa.

Por isso, a dica é saber alocar melhor as suas energias e preocupações: “não dá tempo – nem faz qualquer sentido – tentar otimizar todas as decisões. Escolha as suas batalhas. Foque nas escolhas que mais importam; são elas que, ao fim e ao cabo, definirão quem você é”.

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